A origem dessa série foi em 2015. Fiz uma performance no Ciep 457 que culminou com uma instalação. Esta, primeira performance/instalação ocorreu no projeto: "Arte, ciência e educação". A performance consistia em molhar em tinta vermelha panos de chão (compressas) e coloca-las sobre um plástico recoberto de brita. Essa performance/ instalação de 2015 deu origem a instalação "Sangue e agua" (2016).
A instalação "Sangue e agua"(2016), trata da questão do nascimento, vida e morte. São compressas (panos de chão) que remetem a vida, nascimento, morte e limpeza. Entrelaçados de fios (barbantes vermelhos) que remetem ao sangue, tecido mas também embrulho. Estão presos a uma haste de madeira e soltos sobre o chão.
Morrer parece o fim certo e inevitável. Viver uma escolha sangrenta e dolorida. Para sobreviver, e diminuir a dor, criamos cascas sob as feridas abertas. Lindo é se manter com as feridas abertas como Cristo que ama até o fim. Pois tem a certeza que a vida continua após a morte como uma criança que sai do ventre da mãe para um novo tipo de vida. E, dizendo: “Ainda hoje estará comigo no paraíso!” para aquele que, corajosamente, se aproximou de um homem em carne viva e a beira da morte.
Deixar abertas as feridas é muito mais que algo físico mas, algo que transpassa a morte e diz: “estou vivo! Sangrando. Tenho sangue correndo em minhas veias.”
Cristo morto ainda jorrava sangue e água para, talvez, demonstrar vida. Vida plena.
Sangue e agua - 2016
Acrílica s/ tela
Esse trabalho foi feito para uma exposição coletiva no CAV de Cabo Frio.
Estava sem saber o que fazer e tinha que levar um trabalho no dia seguinte para a exposição. Só tinha aquela noite para fazer. Fui fazer mas como estava sem muita ideia sobre o que fazer, comecei, aleatoriamente, pintando sob a tela e, em oração, pedindo a Deus que falasse por mim. Estava fazendo uma pintura abstrata.
Ao terminar, vi a figura de um seio feminino e um pênis com uma mão segurando. A princípio, fiquei achando que minha oração não tinha sido ouvida por Deus mas por Satanás. Mas, como tinha que levar, resolvi fazer mais um trabalho caso desistisse desse. Meio as pressas, dando continuidade a uma instalação que tinha feito a tempos atrás, criei esse novo trabalho enrolando fios de barbante vermelho a uma haste de madeira.
Me parecia carne humana de Cristo ou talvez a minha.
Os trabalhos foram para a exposição.
E, tempos depois pensando sobre essa pintura percebi que falava da vida escondida na relação de um homem e uma mulher. E, achei que, realmente, Deus esteve ali.
Essa pintura está muito relacionada com a série "Falso grafite" por ter algo que me faça lembrar os grafites de rua. Sua execução, no entanto é feita com aguadas de tinta acrílica e um fundo preto homogêneo.