SÉRIE : SANGUE E ÁGUA 2 - 2016


Gênese da Série "Sangue e Água"

A origem desta série remonta a 2015, a partir de uma performance que culminou em uma instalação. A ação consistiu em molhar panos de chão (compressas) em tinta vermelha e dispô-los sobre uma superfície plástica recoberta de brita. Essa performance/instalação inicial deu origem à obra "Sangue e Água" (2016).


Sangue e Água - 2016 (Instalação)
Materiais: barbante vermelho, panos de chão, bacia, água e tinta vermelha.


A instalação aborda os ciclos do nascimento, vida e morte. As compressas (panos de chão) evocam a vida, o nascimento, a mortalidade e a limpeza. Os fios entrelaçados (barbantes vermelhos) remetem ao sangue, ao tecido orgânico e, simultaneamente, à ideia de invólucro ou embrulho. Os elementos estão presos a uma haste de madeira e dispostos soltos sobre o chão.


Pintura"Sangue e água"


Título: Sangue e Água - 2016 (Acrílica s/ tela)

A pintura, iniciada de forma abstrata e aleatória, revelou, ao ser concluída, a imagem explícita de um seio feminino e um pênis sendo segurado por uma mão. A surpresa inicial quase impediu sua inclusão na exposição, levando à criação de uma instalação de barbante vermelho (carne humana/Cristo) como alternativa.

Ambos os trabalhos foram expostos. Posteriormente, a artista compreendeu que a pintura simbolizava a vida oculta na relação entre gêneros.
A técnica de aguadas de acrílica sobre fundo preto conecta esta obra à estética urbana da série "Falso Grafite".



Reflexões sobre a Existência e a Dor

A morte é o fim certo e inevitável; a vida, uma escolha dolorosa e sangrenta. Para sobreviver e mitigar a dor, criamos "cascas" sobre as feridas abertas. A beleza reside em manter essas feridas expostas, à semelhança de Cristo, que ama até o fim por ter a certeza da continuidade da vida após a morte. É como a criança que emerge do ventre materno para um novo tipo de existência, ou a promessa: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso!”, dita àquele que se aproximou de um homem em carne viva e à beira da morte.

Manter as feridas abertas transcende o plano físico; é uma afirmação de vitalidade que ultrapassa a morte: "Estou vivo! Sangrando. Tenho sangue correndo em minhas veias." Cristo morto ainda jorrava sangue e água, talvez como um derradeiro testemunho de vida plena.